Entrevistada: Adelaide Bado Gueta
(novembro de 2011)
Projeto: Acervo de História Oral e
Tradições
Autor:
Carlos Cesar Gueta
Orientação
e Direção do Projeto:
Prof.Alfredo
Oscar Salun
ADELAIDE BADO GUETA
Eu nasci na cidade de Jacareí interior de são
Paulo no dia 01/11/1932, numa área agrícola filha de imigrantes
espanhóis e portugueses meu pai descendente de espanhóis e minha mãe de
português, desembarcaram no porto de santo ainda jovem com 10 anos de idade e
veio morar com seus pais na cidade de Jacareí por onde morei durante 14 anos.
Mais tarde resolveram vir para São Paulo em
busca de trabalho, como meu pai lidava com trabalho na roça, foi trabalhar como
administrador de fazenda em Santo André em uma região que hoje é conhecida como
cidade são Jorge, que pertencia a um Barão, um senhor muito rico que morava em
são Paulo no jardim Europa,
Lá ele
criava cavalos árabes meu pai fazia a lida e contratava os capatazes
para a manutenção da fazenda que abrangia uma área bem extensa da região de
santo André, meu pai costumava a andar de charrete na região uma vez que eram
poucos os carros que transitavam pela cidade, sendo artigo de luxo e pra poucos.
Quando meu pai passava em frente á fábrica
Pirelli, o dono da fábrica Giovanni Batista Pirelli costuma bater papo com ele
na porta da fábrica, e convidava-o para trabalhar na empresa.
---- Meu pai questionava-o sobre o valor que seria pago e meu pai
comparava. Bom o senhor me paga ai uns contos de reis, mas ai tenho que pagar
aluguel água, esgoto, luz e alimentação.
--- Para mim não é lucro onde eu estou tenho
tudo isso e ainda sou pago sem nenhum gasto adicional lá tenho.
--- A
minha charrete falava meu pai eu utilizo para a locomoção e uso na fazenda, carregar
nela a plantação e criação de animais que me fornecem alimentos tenho água á
vontade tenho uma bela e grande casa com vários cômodos e ainda no final do mês
recebo meus contos de reis por isso agradeço a proposta, mas prefiro ficar onde estou, e assim foi
que meu pai nos criou nesse lugar maravilhoso com fartura e o contato com a
natureza.
Minha
mãe uma portuguesa que veio para o Brasil junto com seus pais na época da
revolução industrial em busca de trabalho no Brasil e fixaram-se na cidade de
Santo André, e veio a se casar com meu pai e tiveram oito filhos, quatro homens
e quatro mulheres, minha mãe veio a falecer mais tarde aos 60 anos de idade de
infarto sendo ela cardíaca os filhos, todos criados na fazenda do barão onde
cresceram e foram se casando e criando raízes na cidade.
Trabalhando nas fábricas espalhadas pela
cidade. Mais tarde fui trabalhar na fábrica Pirelli onde conheci José Jesus
Gueta que hoje é meu marido,e hoje temos onze filhos no começo quando nos
casamos e fiquei grávida de meu primeiro filho José Carlos Gueta tive que parar
de trabalhar para me dedicar única e exclusivamente ao meu filho e a casa.
Que era o que todas as mulheres faziam na
época com o dinheiro da indenização comprei uma casa na região onde morei até
meus quarenta anos e depois comprei uma casa melhor e mais
próxima ao centro de Santo André, e assim
fui criando meus filhos.
MANOEL BADO COM SUA CHARRETE
Foto de meu pai com a sua charrete que ele usava como meio de transporte
na época na fazenda do Barão em santo André. Meu pai era administrador da
fazenda e só ele tinha o acesso á charrete, com ela transportava os capatazes
da cidade até a fazenda, fazia a coleta de frutas e animais até a sede da
fazenda, toda a responsabilidade de contratar os funcionários e pagá-los ficava
sobre sua responsabilidade, guardo com muito carinho esses tempos de
simplicidade.
Lembro bem das brincadeiras da época coisas simples mas que marcaram
minha infância como subir em árvores, nadar no riacho, andar a cavalo, tirar
leite da vaca ajudar minha mãe com as tarefas domésticas do dia a dia toda á
tarde minha mãe tinha o hábito de preparar deliciosas rosquinhas que tomávamos
com café com leite.
Tudo era produzido na própria na fazenda, meu pai era muito correto, e
fazia tudo com o consentimento do seu patrão, o dono da fazenda que era
conhecido por todos como Barão, por isso não tinha nada que meu pai fizesse que
ele não soubesse.
JOSÉ JESUS GUETA e ADELAIDE BADO GUETA
Nessa foto eu e meu
esposo na época de namoro eu com 20 anos e ele com 25 criamos nossos filhos
como todo casal com muitas dificuldades mesmo porque criar onze filhos não é
fácil, mas era comum casais na época com muitos filhos.
Na época só era
tiradas as fotos em preto e branco, e as
roupas típicas usadas era, para os homens terno, gravata e calça social, já as
mulheres usavam vestidos, saias, nunca usei calça até hoje nossa diversão era o
passeio até o centro de são Paulo e o único meio de transporte era o trem.
Quando íamos ao
centro de São Paulo era um evento, colocávamos nossa melhor roupa para essa
viagem.e aproveitávamos para fazer compras de roupa e perfume que não tinha
aqui. Íamos também ao cinema que na época era em preto e branco com os filmes
antigos assistir a Charles Chaplin, Rudolph Valentino, Sofia Loren filmes
típicos da época.
FAMÍLIA GUETA
Nessa foto eu meu marido e os quatro
primeiros filhos, José Carlos Gueta, Graça Maria Gueta, Tânia Regina Gueta, e
Luis Sergio Gueta em visita ao Zoológico. Assim segui meu caminho e criando
meus filhos todos com muito amor. Quando me casei não tinha muita informação do
que era a vida, a gente estudava até a segunda série o necessário para saber
ler e escrever, tive algumas complicações na hora do parto de meu primeiro
filho e meu marido chegou na hora para me levar ao hospital e lá ter meu filho,
que hoje é um grande poeta e desenhista Que desde muito pequeno já demonstrava
vocação para o desenho, quando tinha quatro
anos desenhou dois sobrados que tinha em frente a nossa casa e as vezes
quando ficava desenhando no quarto sentia forte cheiro de flores silvestres e
me questionava se eu também sentia aquele aroma, de agradáveis perfumes e eu
respondia que era imaginação dele, por isso estou incluindo alguns de seus
trabalhos nessa entrevista para apreciação.
Nessa foto meu filho e meu marido com alguns
trabalhos de pintura.
Meu filho José Carlos Gueta, dedicou
essa poesia a meu marido José Jesus Gueta
Vou-lhes contar a história
de Seu José
José que também tem Jesus no nome
Ele em São Gabriel sempre botou fé
Que o protege do frio, da dor e da fome.
Trabalhou 37 anos numa grande empresa
Como seu filho mais velho, sei sua história.
Lutou para criar 11 filhos com certeza
As suas aflições eu guardo na minha memória.
Deus sempre o cobriu com o seu
manto.
Mesmo quando ele recorria à aguardente
Eu sei que o meu pai não era um santo
Mas fez tudo o que podia pela gente
A ele tenho uma gratidão eterna
Ajudou-me em uma triste situação
Eu corria o risco de perder a perna
Mas fui salvo na mesa de operação
Salvou a minha mãe e eu da morte
Houve complicações no trabalho de parto
Ele percebeu o ocorrido e por sorte
Salvou-nos arrombando a porta do quarto
Levou-nos ao hospital rapidamente
O médico disse-lhe que já era tarde
Recorreu ao São Gabriel novamente
E tudo então foi resolvido sem alarde
Hoje ele luta contra a doença
Que está conformado ele já me disse
Mas isto não diminui a sua crença
Fala que são sintomas da velhice
Os 11 filhos torcem pela sua melhora
Seu José diz que tentou ser bom pai
É ele que precisa deles agora
No seu canto levando a vida vai.
No dia 25 de dezembro fará 85 anos
Aniversaria junto com o menino Jesus
Para o futuro não tem muitos planos
Segue em frente carregando a sua cruz.
Autor: José
Carlos Gueta
JOSÉ CARLOS GUETA DECLAMANDO NA CMSP
Jovem era quando ingressou na
Pirelli; Oficina Central era seu habitat profissional; Sempre criativo e rápido
torneava, inventava e improvisava; Era torneiro por dedicação e não por
profissão. Certo de que seu caminho era o desenho; A pós alguns anos assumiu o
dom da sua vocação; Rapidamente fez dela sua brilhante profissão; Ligeiro no rascunho
e preciso nos desenhos de próprio punho; Ontem dominava o lápis apenas para
rascunhar; Seu dom foi aumentando e poesias passou a elaborar. Gestos rápidos
contrastam com seu dom de pintar e poetizar; Uns o acham afoito, outros um
pouco louco; E na verdade é um artista como poucos; Tua trajetória de vida está
traçada e desenhada em versos; A o seu futuro desejamos o sucesso, que no rádio
passas a divulgar. Um grande abraço Irineu Fernandes.
ADELAIDE BADO E FAMÍLIA
Nessa foto eu no
centro com meus filhos em comemoração a meu aniversário onde todos os anos é
comemorado em família. hoje tenho meus onze filhos, 19 netos e 6 bisnetos todos
saudáveis graças a deus.
A única coisa de
que tenho saudade daquela época e dos meus pais. Tenho ainda vivos hoje, aqui
minhas três irmãs, Ordália, Tereza e Eleonor, meus irmãos falecidos, Manoel,
José, Mário e Américo deixam saudades.
Aqui finalizo essa entrevista, para
meu filho Carlos Cesar Gueta para seu trabalho de, Projeto de: Acervo de História Oral e Tradições.