DEIXE O SEU COMENTÁRIO

DEIXE O SEU COMENTÁRIO

domingo, 13 de maio de 2012

ADELAIDE BADO GUETA - FELIZ DIA DAS MÃES!


Entrevistada: Adelaide Bado Gueta (novembro de 2011)
Projeto: Acervo de História Oral e Tradições
Autor: Carlos Cesar Gueta
Orientação e Direção do Projeto:
Prof.Alfredo Oscar Salun
ADELAIDE BADO GUETA                                   

Eu nasci na cidade de Jacareí interior de são Paulo no dia 01/11/1932, numa área agrícola filha de imigrantes espanhóis e portugueses meu pai descendente de espanhóis e minha mãe de português, desembarcaram no porto de santo ainda jovem com 10 anos de idade e veio morar com seus pais na cidade de Jacareí por onde morei durante 14 anos.
Mais tarde resolveram vir para São Paulo em busca de trabalho, como meu pai lidava com trabalho na roça, foi trabalhar como administrador de fazenda em Santo André em uma região que hoje é conhecida como cidade são Jorge, que pertencia a um Barão, um senhor muito rico que morava em são Paulo no jardim Europa,
Lá ele  criava cavalos árabes meu pai fazia a lida e contratava os capatazes para a manutenção da fazenda que abrangia uma área bem extensa da região de santo André, meu pai costumava a andar de charrete na região uma vez que eram poucos os carros que transitavam pela cidade, sendo artigo de luxo e pra poucos.
Quando meu pai passava em frente á fábrica Pirelli, o dono da fábrica Giovanni Batista Pirelli costuma bater papo com ele na porta da fábrica, e convidava-o para trabalhar na empresa.
---- Meu pai questionava-o sobre o valor que seria pago e meu pai comparava. Bom o senhor me paga ai uns contos de reis, mas ai tenho que pagar aluguel água, esgoto, luz e alimentação.
--- Para mim não é lucro onde eu estou tenho tudo isso e ainda sou pago sem nenhum gasto adicional lá tenho.
 --- A minha charrete falava meu pai eu utilizo para a locomoção e uso na fazenda, carregar nela a plantação e criação de animais que me fornecem alimentos tenho água á vontade tenho uma bela e grande casa com vários cômodos e ainda no final do mês recebo meus contos de reis por isso agradeço a proposta, mas prefiro ficar onde estou, e assim foi que meu pai nos criou nesse lugar maravilhoso com fartura e o contato com a natureza.
     Minha mãe uma portuguesa que veio para o Brasil junto com seus pais na época da revolução industrial em busca de trabalho no Brasil e fixaram-se na cidade de Santo André, e veio a se casar com meu pai e tiveram oito filhos, quatro homens e quatro mulheres, minha mãe veio a falecer mais tarde aos 60 anos de idade de infarto sendo ela cardíaca os filhos, todos criados na fazenda do barão onde cresceram e foram se casando e criando raízes na cidade.
Trabalhando nas fábricas espalhadas pela cidade. Mais tarde fui trabalhar na fábrica Pirelli onde conheci José Jesus Gueta que hoje é meu marido,e hoje temos onze filhos no começo quando nos casamos e fiquei grávida de meu primeiro filho José Carlos Gueta tive que parar de trabalhar para me dedicar única e exclusivamente ao meu filho e a casa.
Que era o que todas as mulheres faziam na época com o dinheiro da indenização comprei uma casa na região onde morei até meus quarenta anos e depois comprei uma casa melhor e mais próxima ao centro de Santo André, e assim
fui criando meus filhos.


 MANOEL BADO COM SUA CHARRETE


         Foto de meu pai com a sua charrete que ele usava como meio de transporte na época na fazenda do Barão em santo André. Meu pai era administrador da fazenda e só ele tinha o acesso á charrete, com ela transportava os capatazes da cidade até a fazenda, fazia a coleta de frutas e animais até a sede da fazenda, toda a responsabilidade de contratar os funcionários e pagá-los ficava sobre sua responsabilidade, guardo com muito carinho esses tempos de simplicidade.
Lembro bem das brincadeiras da época coisas simples mas que marcaram minha infância como subir em árvores, nadar no riacho, andar a cavalo, tirar leite da vaca ajudar minha mãe com as tarefas domésticas do dia a dia toda á tarde minha mãe tinha o hábito de preparar deliciosas rosquinhas que tomávamos com café com leite.
Tudo era produzido na própria na fazenda, meu pai era muito correto, e fazia tudo com o consentimento do seu patrão, o dono da fazenda que era conhecido por todos como Barão, por isso não tinha nada que meu pai fizesse que ele não soubesse.
  
 JOSÉ JESUS GUETA e ADELAIDE BADO GUETA


       Nessa foto eu e meu esposo na época de namoro eu com 20 anos e ele com 25 criamos nossos filhos como todo casal com muitas dificuldades mesmo porque criar onze filhos não é fácil, mas era comum casais na época com muitos filhos. 
Na época só era tiradas as fotos em preto  e branco, e as roupas típicas usadas era, para os homens terno, gravata e calça social, já as mulheres usavam vestidos, saias, nunca usei calça até hoje nossa diversão era o passeio até o centro de são Paulo e o único meio de transporte era o trem.
Quando íamos ao centro de São Paulo era um evento, colocávamos nossa melhor roupa para essa viagem.e aproveitávamos para fazer compras de roupa e perfume que não tinha aqui. Íamos também ao cinema que na época era em preto e branco com os filmes antigos assistir a Charles Chaplin, Rudolph Valentino, Sofia Loren filmes típicos da época.


FAMÍLIA GUETA


Nessa foto eu meu marido e os quatro primeiros filhos, José Carlos Gueta, Graça Maria Gueta, Tânia Regina Gueta, e Luis Sergio Gueta em visita ao Zoológico. Assim segui meu caminho e criando meus filhos todos com muito amor. Quando me casei não tinha muita informação do que era a vida, a gente estudava até a segunda série o necessário para saber ler e escrever, tive algumas complicações na hora do parto de meu primeiro filho e meu marido chegou na hora para me levar ao hospital e lá ter meu filho, que hoje é um grande poeta e desenhista Que desde muito pequeno já demonstrava vocação para o desenho, quando tinha quatro  anos desenhou dois sobrados que tinha em frente a nossa casa e as vezes quando ficava desenhando no quarto sentia forte cheiro de flores silvestres e me questionava se eu também sentia aquele aroma, de agradáveis perfumes e eu respondia que era imaginação dele, por isso estou incluindo alguns de seus trabalhos nessa entrevista para apreciação. 



 Nessa foto meu filho e meu marido com alguns trabalhos de pintura.

Meu filho José Carlos Gueta, dedicou essa poesia a meu marido José Jesus Gueta

Vou-lhes contar a história de Seu José 

José que também tem Jesus no nome 
Ele em São Gabriel sempre botou fé 
Que o protege do frio, da dor e da fome. 

Trabalhou 37 anos numa grande empresa 
Como seu filho mais velho, sei sua história. 
Lutou para criar 11 filhos com certeza 
As suas aflições eu guardo na minha memória. 


Deus sempre o cobriu com o seu manto. 

Mesmo quando ele recorria à aguardente 
Eu sei que o meu pai não era um santo 
Mas fez tudo o que podia pela gente 

A ele tenho uma gratidão eterna 
Ajudou-me em uma triste situação 
Eu corria o risco de perder a perna 
Mas fui salvo na mesa de operação 

Salvou a minha mãe e eu da morte 
Houve complicações no trabalho de parto 
Ele percebeu o ocorrido e por sorte 
Salvou-nos arrombando a porta do quarto 

Levou-nos ao hospital rapidamente 
O médico disse-lhe que já era tarde 
Recorreu ao São Gabriel novamente 
E tudo então foi resolvido sem alarde 

Hoje ele luta contra a doença 
Que está conformado ele já me disse 
Mas isto não diminui a sua crença 
Fala que são sintomas da velhice 

Os 11 filhos torcem pela sua melhora 
Seu José diz que tentou ser bom pai 
É ele que precisa deles agora 
No seu canto levando a vida vai. 

No dia 25 de dezembro fará 85 anos 
Aniversaria junto com o menino Jesus 
Para o futuro não tem muitos planos 
Segue em frente carregando a sua cruz.


Autor: José Carlos Gueta

JOSÉ CARLOS GUETA DECLAMANDO NA CMSP

POETA DO ABC Meu filho José Carlos Gueta e sua Biografia.
Jovem era quando ingressou na Pirelli; Oficina Central era seu habitat profissional; Sempre criativo e rápido torneava, inventava e improvisava; Era torneiro por dedicação e não por profissão. Certo de que seu caminho era o desenho; A pós alguns anos assumiu o dom da sua vocação; Rapidamente fez dela sua brilhante profissão; Ligeiro no rascunho e preciso nos desenhos de próprio punho; Ontem dominava o lápis apenas para rascunhar; Seu dom foi aumentando e poesias passou a elaborar. Gestos rápidos contrastam com seu dom de pintar e poetizar; Uns o acham afoito, outros um pouco louco; E na verdade é um artista como poucos; Tua trajetória de vida está traçada e desenhada em versos; A o seu futuro desejamos o sucesso, que no rádio passas a divulgar. Um grande abraço Irineu Fernandes.

 ADELAIDE BADO E FAMÍLIA


Nessa foto eu no centro com meus filhos em comemoração a meu aniversário onde todos os anos é comemorado em família. hoje tenho meus onze filhos, 19 netos e 6 bisnetos todos saudáveis graças a deus.
A única coisa de que tenho saudade daquela época e dos meus pais. Tenho ainda vivos hoje, aqui minhas três irmãs, Ordália, Tereza e Eleonor, meus irmãos falecidos, Manoel, José, Mário e Américo deixam saudades.   

Aqui finalizo essa entrevista, para meu filho Carlos Cesar Gueta para seu trabalho de, Projeto de: Acervo de História Oral e Tradições.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

leia também

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Licença Creative Commons

Estas obras estão licenciadas sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (autoria de José Carlos Gueta e site:http://poetadoabc.blogspot.com). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.